domingo, 10 de abril de 2011

João Goulart. Como, quando e porque se depõe um presidente



João Goulart
Como, quando e porque
se depõe um presidente


II

Vento meu mano revolucionário
Jango criou um abono salarial
famoso décimo terceiro salário
que se recebe próximo ao natal

Até o golpe de sessenta e quatro
ele visando a futura geração
tentou focalizar o seu mandato
na importante area da educação

Seu projeto educacional ousado
o Método Paulo Freire, genial
poucos anos depois foi plagiado
pelas quarteladas do Mobral

Conhecedor da situação fundiária
no drama dos trabalhadores rurais
ele quis fazer a Reforma Agrária
à principio em terras federais

É claro que a direita golpista
na base do primeiro de abril
dizia que jango era esquerdista
e que queria comunizar o Brasil

Mas foi a Reforma Tributária
que mexia até com multinacionais
que incitou a fúria reacionária
de empresários, coronéis, generais

Jango preocupado com a pobreza
testemunhada pelo céu cor de anil
propunha que o lucro das empresas
claro, fosse reinvestido no Brasil

Ele também quis mexer no imposto
na renda de quem ganhava mais
pena que acabou sendo deposto
por militares e donos de jornais

O presidente também foi atingido
pela direita católica-cristã
e pelo demônio dos Estados Unidos
visto na Operação Brother Sam

Atingido por mentira, inverdades
da fanática, famigerada TFP
na Tradição, Família, Propriedade
que buscava uma fatia do poder

E ao se interromper a trajetória
dum grande presidente do Brasil
o país perdeu o bonde da história
num mentiroso primeiro de abril

Vento, irmão dos manos caipiras
e de todo povo humilde batalhador
eu sei que tu detestas mentiras
e odeias manipulador, torturador

Mercedes das Corrientes e Sierras
foi ali que Jango veio a falecer
sentindo o cheiro da nossa terra
nas mãos da ultra direita volver

Injustiçado na Argentina exilado
proibido, impedido de retornar
sim foi assassinado, envenenado,
outro crime da ditadura militar

Um dia esse Brasil fará justiça
ao seu presidente João Goulart
que enfrentou o ódio da cobiça
por ter feito um governo popular

Ele que nunca foi um comunista
enfrentou muitas campanhas hostis
era um presidente, sim, futurista
e que só quis o bem pro seu país

Vento, tu que fazes ser tremulado
o lindo Lábaro estrelado da nação
que jamais haja golpe de Estado,
e que se respeite a Constituição

Que noites tenebrosas, escuras
sejam para quem ladra como os cães
Temos nojo e ódio à ditaduras
assim dizia Ulysses Guimarães

Jetro Fagundes
Farinheiro Marajoara

2 comentários:

Jetro Fagundes disse...

Taí meu mano Josias,
é pra voce esse poema.
Vem das nossas intermináveis
conversas sobre o periodo
vergonhoso da história
desse país.
E eu vivo lembrando um
periodo dos anos setenta em
que a gente vendia jornal
nas ruas da nossa Belém.
Saudades, meu sumano.
Um dia a minha viola vai
cantar e contar
tua história

Raquel disse...

O prazer de grandes homens consiste em poder tornar os outros mais felizes. Blaise Pascal