sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Lembrando a Copa do Mundo de 50

Lembrando a Copa de 50
em 50 Estrofes 




Vento, me lembro com clareza
O Veropa, as vendas de jornais
Quando me falavas as proezas
De uma Seleção linda demais

Alembro tu todo iluminado
Nas embaixadas com o arrebol
Falando dum timaço encantado
Belíssima Seleção de futebol

Seleção das mais encantadas
Que não ganhava só por ganhar
Costumava ganhar de goleadas
Dando um show ao vivo popular

Em mil novecentos e cincoenta
O Brasil é a sede do mundial
Em todos os jogos apresenta
Um futebol brilhante, genial

Seleção das mais envolventes
Jogava o tempo todo na vertical
Sem retrancas, só para frente
Dava espetáculo sensacional

Vento, tu sabes que não minto
Tinha aquela  histórica Seleção
O grande  Jair da Costa Pinto
Comandando uma constelação

Aquele time tinha um volante
Que parecia um mágico, sim
No fundo, um príncipe elegante
O já lendário Danilo Alvim

E esta geração de hoje precisa
Lembrar que a Seleção do Brasil
Tinha alguém chamado Mestre Ziza
Cracaço vindo dos encantos mil

Mestre Ziza, o craque Zizinho
Pela magia que fazia com o pé
Ainda é considerado com carinho
Como o maior, pelo próprio Pelé

Aquele nosso escrete de aço
Sabia ganhar e convencer 
Como um fantástico timaço 
Com mínima chances de perder

Aquele timaço feito de raça
Tinha uma técnica excepcional
Em Bigode, Augusto, Friaça
Em Chico, Bauer, Juvenal...

Vento, repito mil e umas vezes
Aquela Seleção era fenomenal 
Nove gols, Ademir de Menezes
Foi o artilheiro do Mundial

Vento, seu cronista altaneiro
Aquela histórica Seleção
Tinha um belíssimo goleiro
Oriundo das bases do Vascão 

Se queres saber, companheiro
Barbosa, um gigantão negão
Foi o mais lindo dos goleiros
Que já defendeu nossa Seleção

Elástico, homem de vida honrada 
Corajoso, um grande cidadão 
Das pessoas mais injustiçadas 
Defendia até com trocada mão 

Crucificado por uma gentalha
Que ama eleger bode expiador 
Nem de longe cometeu falha 
No jogo final tão sofredor

Vento, aquele time encantado
Não foi o campeão mundial
E se cometeu algum pecado
Pra poesia é sempre imortal

Diz-se que o natural favoritismo 
Do jogo ser no Maracanã, Rio
Aliado ao excesso de otimismo
Causou a derrota do Brasil

Apesar do seu final tristonho
Ao perder pro time do Uruguai
Aquele escrete era dos sonhos
Que da memória poética não sai

Enquanto muitos comemoravam 
O título já por antecipação
Jornais do país circulavam 
O Brasil com faixa de campeão

No domingo do jogo decisório
O Brasil era eufórica sensação
Hinos patrióticos, foguetórios
Comemoravam por antecipação 

O clima do já ganhou campeonato
Mexeu muito com o uruguaio brio
Que resolveu  não deixou  barato
Batendo na final o nosso Brasil

Vento, seu cronista menino
O Uruguai que se sagrou campeão
Tinha Ghiggia, tinha Schiaffino 
E ele, um já um lendário capitão

Seu menino, eu nem te conto
Me perdoa, mas tenho de falar
O tal capitão era um monstro
Que mal dá pra confabular

Herói dos heróis do passado
O capitão da Uruguaia Seleção
Já era um monstro sagrado 
Naquela histórica competição

E aqui digo quase em poeminha
O cara era um baita de jogador
Era o dono das quatro linhas
Mandava mais que seu treinador

Dentro da lógica perspectiva
Varella, pela postura de atuar
Já era verdadeira lenda viva 
Na forma de jogar e de mandar

Vento, tu que ama a cidadela
Lá donde a Coruja ninho faz
O lendário Obidulio Varella
Fez o teu Brasil chorar demais

Neste jogo em que a aguerrida
Celeste bateu o nosso país
Varella foi o dono da partida
Mandou no jogo e até no Juiz 

Primeiro tempo, jogo truncado
O Uruguai raçudo e retrancador
Terminou com o escore empatado
Deixando apreensivo o torcedor

Segunda etapa logo no início 
Friaça inaugura o placar
Dando um fortíssimo indício 
De que o Brasil iria ganhar

Alegria, o nosso povo festejava
Rojões, foguetórios pelo país
Ninguém nem em sonhos esperava
Que teríamos um final infeliz

Varella, um notório cantimbeiro
Por minutos ficou a reclamar
De um impedimento brasileiro
Tudo com propósito de esfriar

Depois de deixar jogo parado
O lendário e histórico capitão
Pôs a bola no centro do gramado
E chamou o seu time pra reação 

Vento, porque deixastes o destino
Ser malino com a nossa Seleção?
Dava pra impedir que Schiaffino
Comandasse a fatídica reação

O gol de Schiaffino foi trágico
Num empate daquela final vilã
Esfriou o nosso time mágico
Silenciando o grande Maracanã

Mas o pior veio logo em seguida
Quando o Uruguai fez segundo gol
Passando à frente, na partida
Parece até que o mundo desabou

Vento, a Poesia nem te conta
Quando Ghiggia, uruguaio matador
Deu uma arrancada pela ponta
Sem chances, virando o marcador

Final de jogo, fim da partida
O Uruguai, como Campeão Mundial
Faz a nação ficar entristecida
Brasil a fora, um choro geral

Logo após a partida terminada
Se viu no Maracanã comoção
A entristecida arquibancada
Era o puro retrato duma nação

O mundo inteiro pasmo parecia
Até o presidente Jules Rimet
Em total estado de melancolia
Estava entristecido de se ver

Vento, não sei se é verdade
O que a Lenda também te contou:
Varella madrugou pela cidade
E com os brasileiros chorou 

O homem que pulava de alegria
Por vencer o imbatível Brasil
Nos bares varou a noite fria
Se recusou a comemorar no Rio

Varella, líder nato verdadeiro
Se minha  memória não me trai
Paresque que era brasileiro
Naturalizado lá no Uruguai

Vento do guajarino Veropa
Algo nos serve de consolação
Foi a partir daquela copa 
Que ganhamos mundial projeção

Enquanto já tivemos levantadas
Cinco Taças, Penta Mundial
Uruguai nunca mais ganhou nada
Perdeu projeção internacional

E para que ninguém aqui pense
Que persigo a uruguaia seleção:
Ela foi goleado por Paraenses
Na inauguração do Mangueirão

O Torcedor da Copa de Cincoenta
Inúmeras alegrias pode ter
Na Suécia, no Chile, em Setenta
Com a definitiva Jules Rimet

Viu uma geração dos encantos
Das magias com a bola no pé:
Didi, Garrincha, Nilton Santos
Rivelino, Tostão, Gerson, Pélé

E para quem ama tanto, gosta
De ser idolatrado treinador
O competente Flávio Costa
Bem mais, era real professor 


Jetro Fagundes, Farinheiro do Marajó e de Ananinn