sábado, 4 de janeiro de 2014




Mario Quintana,
o mais imortal dos imortais

Vento, seu sumano idealista
Sente-se aqui, vou te contar
um  pouco de um anarquista
que também amava te poetar

E tu que detestas cassetete
porrete,  molotov, coquetel
sabias que lá em Alegrete
nasceu Quintana Menestrel?

Gaúcho, feito de sensibilidade
era poeta, jornalista, escritor
cheio das suas versalidades
sendo inclusive um tradutor

Ele, nos estilos significativos 
traduziu de maneira genial
mais de cento e trinta livros
obras da literatura universal

Tradutor de obra estrangeira
enriquece de valores culturais
tantas prateleiras brasileiras
com autores internacionais

Como Poeta de simplicidade
senhor da sua arte de escrever
tinha o dom da originalidade
que era uma barbaridade tchê

Vento, tu que amas a Poesia
sei que te enchias de admiração
por quem sabia usar a ironia
na  profundidade da perfeição

Lembro tu de coração lavado
lendo e sorrindo de montão:
“Quem faz sentido é soldado
eu não preciso dar explicação”

Que fique muito mal entendido
não faço forças para explicar
o Poeta dizia: quem faz sentido
é um induzido civil, ou militar

Pra saber o que é encantamento
o leitor necessita dar atenção
a poética Rua dos Cataventos
um livro de enorme repercussão

Sumano, a Rua dos Cataventos
o Poeta de maneira magistral
utiliza, evoca vários elementos
tipo Rua, Ventos, Nuvens, Lual

Ao Catar Ventos encantados
qualquer previlegiado  leitor 
verá em Sonetos metrificados
tudo sobre a infância do autor

Vento, sumano que consegue
fazer as mais naturais agitações
faça cantorias pra Porto Alegre
Apontamentos, Poesias, Canções

Cante, meu sumano cancioneiro 
de Sapato Amarelo, Nariz de Pilão
diga que o Aprendiz de Feiticeiro
é  lúdico aprendizado, real lição

E com Sapato Furado, Florido
lembre o Poeta do Sul do Brasil
Batalhão de Letras, Nariz de Vidro
Poesias,  A Primavera Cruza o Rio

Lá na Porto-alegrense menina
cante pro Guaíba, o rio do autor
Ora Bolas, Na Volta da Esquina
nem sempre tem Conto de Horror

I I

Ah, sumano, quando cantares
nunca jamais terás meu perdão
se tu não entoares Quintanares
um espetáculo de inspiração

Cante, assobies  pelos recantos
cantorei uma criteriosa seleção
entoando o Baú dos Espantos
buscando cotidiana valorização

Em versos livres, suaves, leves
um baú de caráter bem especial
nos apresenta poemas breves
com rimas, sem rimas, ao natural

Quintana, menestrel da poesia
sabia navegar como ninguém
nas correntezas das antologias
de forma marcante, muito bem

Poeta que o Povo não esquece
deixou a entender em citações
a glória nem de longe merece
quem quer apenas as louvações

A respeito da sincera Amizade
disse quase em tom musical
que ela, no fundo é na verdade
uma espécie de amor eternal

Sempre em tom de musicalidade
que a Poesia ama rememorar
ele dizia a respeito da Saudade:
é o que faz tudo no tempo parar

Vento, que junta, espalha brasas
Anjos não dão os ombros, não
dão bem mais, dão as suas asas
mostram indiferenças com ação

E o poeta viveu sempre sozinho
dizia entre a inspiração e clarão
os que atravacam meu caminho
EU PASSARINHO, eles passarão

Quintana, de modo indiscutível
fez a cantoria ser o seu labor
num estilo poético ultra sensível 
em caso constante com o amor

Simples, numa literatura  prática
Poético para um bom entendedor
sabia bem  tratar da temática
que se relacionava com o amor

Já como escritor consagrado
vivenciou em três ocasiões
o drama de ter sido rejeitado
lá na Academia dos Medalhões

Vento, tu que odiavas militares
agentes torturadores, porões
sabes que escritos Quintanares
foram rejeitados pelos Fardões

A casa machadiana brasileira
fazia  opções preferenciais
por muitas raposas traiçoeiras
maribondos de fogos nacionais

Até hoje a brasileira academia
ainda faz preferencial opção
por gente assassina da poesia
tendo até um certo vendilhão

E lá um dia, a casa dos letrados
ao Poeta ofereceu um fardão
mas ele já estava imortalizado
na alma  de quem ama a canção

I I I

Certo é que a casa machadiana
pobre de verdadeiro intelectual
arrependeu-se da atitude insana
de ter rejeitado um já imortal

E ao ser devidamente rejeitada
por um verdadeiro Intelectual
a Academia ficou desacreditada
pela opinião pública nacional

Vento, tu que ama tinta, resma
depois que o teu Poeta partiu
a Poesia nunca mais foi a mesma
ficou pobre a cultura no Brasil

Quintana e os seus Quintanares
hoje povoam outra dimensão
e lá no mais ideal dos lugares
o da imortalizada imensidão

E ele que não quis ter adentrado
na casa que apoiou casernais
ficou bem mais imortalizado
ao deixar o mundo dos mortais

Quintana, pelos seus Quintanares
pelas coisas que fez,  produziu
é um dos poetas mais populares
ou quem sabe, o maior deste Brasil

Vento, meu sumano, me perdoa
se faço uma herética comparação
mas Quintana é o nosso Pessoa
que navega no mar da inspiração

Quintana, poeta da simplicidade
como poucos conseguiu conciliar
o grau elevado de intelectualidade
com a singeleza da poesia popular

Poucos como ele são tão amados
de bem poucos a História lembrará
muitos vestem fardões indicados
mas Quintana vive, sempre viverá

E vive na Poesia comprometida
com a cultura, baú das emoções
vive cada vez mais cheio de vida
na esquina das próximas gerações

Vive no bom gosto manifestado
do consciente cativante leitor
que persiste em deixar de lado
quem não canta a beleza do amor

Vive sempre numa boa literatura
por ali, no reservado cantinho seu
porto-alegrense Casa da Cultura
nas coisas encantadas que escreveu

Quintana vive numa antologia
de Poeta, um eterno guardião
defensor da senhora democracia
da pura liberdade de expressão

E o Poeta vítima da politicagem
de acadêmicos que amam bajular
sempre utilizava uma linguagem
contaminada pela fala popular

Poeta romântico, lírico, concreto
um amante da vida, foi-se na paz
e é, sim,  como poeta completo
mais imortal de todos os imortais

Gaúcho Poeta dos mais queridos
dizia, a respeito das declamações:
Poemas existem para serem ditos
e eu acrescento, sem piruetações 

Jetro Fagundes, Farinheiro Marajoara