segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Castro Alves, Poeta Romântico e Libertário



Castro Alves
Poeta Romântico
e Libertário

II

Poeta que dizia nas cantorias
de peito aberto, com indignação
que o negro não era mercadoria
pra ser negociado em um balcão

Cantando pros inspirados ares
exaltou em autêntica louvação
os negros valentes dos palmares
anjos da lendária insurreição

Vento, meu camarada cancioneiro
sei que esta tua estrondosa voz
ja declamou o "Navio Negreiro"
pra ave dos oceanos, o Albatroz

Sei também que vistes injuriado
o Auri Verde pendão testemunhar
pobres irmãos negros açoitados
nos porões funestos em alto mar

Na linguagem divina da poesia
dizia que o Auri Verde Pavilhão
servia de mortalha na travessia
de africano negro nosso irmão

Também na voz divina da poesia
ele direcionou o seu escrever
contra a retrógrada monarquia
e os oligarcas donos do poder

Republicano de primeira hora
Castro Alves sabia acompanhar
todos os movimentos da aurora
dos tempos novos, do renovar

E cultivava a amizade singela
de grandes vultos desse país:
José de Alencar, Fagundes Varela
Rui Barbosa, Machado de Assis

Amigo de Álvares de Azevedo
um outro poeta intelectual
que também partindo bem cedo
se tornou num célebre imortal

Salas de Direito em Pernambuco
deram-lhe companheiros imortais
ilustres como Joaquim Nabuco
defensor das igualdades sociais

E por ter sido um poeta ousado
alguém da Gazeta Mercantil
disse ter encontrado um achado
na literatura do seu Brasil

Machado de Assis da Academia
um crítico exigente literal
dizia que Castro Alves da Bahia
era um poeta pra lá de original

Vento, esse teu menino poeta
que sabia bem se expressar
era como precursor profeta
um inquieto porta voz Popular

Se não se formou em advogado
isso pouco importa, tanto faz
Mas ele foi o mais respeitado
defensor das causas nacionais

Sua voz ousada, desafiadora
foi na sua brilhante geração
a voz profética arrebatadora
que mais se aproximou do povão

Voz que atravessa o infinito
e dá coragem nos dias atuais
aos poetas que lançam gritos
contra as injustiças imorais


Jetro Fagundes
Farinheiro Marajoara

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