Lembrando a Copa de 50
em 50 Estrofes
Vento, me lembro com clareza
O Veropa, as vendas de jornais
Quando me falavas as proezas
De uma Seleção linda demais
Alembro tu todo iluminado
Nas embaixadas com o arrebol
Falando dum timaço encantado
Belíssima Seleção de futebol
Seleção das mais encantadas
Que não ganhava só por ganhar
Costumava ganhar de goleadas
Dando um show ao vivo popular
Em mil novecentos e cincoenta
O Brasil é a sede do mundial
Em todos os jogos apresenta
Um futebol brilhante, genial
Seleção das mais envolventes
Jogava o tempo todo na vertical
Sem retrancas, só para frente
Dava espetáculo sensacional
Vento, tu sabes que não minto
Tinha aquela histórica Seleção
O grande Jair da Costa Pinto
Comandando uma constelação
Aquele time tinha um volante
Que parecia um mágico, sim
No fundo, um príncipe elegante
O já lendário Danilo Alvim
E esta geração de hoje precisa
Lembrar que a Seleção do Brasil
Tinha alguém chamado Mestre Ziza
Cracaço vindo dos encantos mil
Mestre Ziza, o craque Zizinho
Pela magia que fazia com o pé
Ainda é considerado com carinho
Como o maior, pelo próprio Pelé
Aquele nosso escrete de aço
Sabia ganhar e convencer
Como um fantástico timaço
Com mínima chances de perder
Aquele timaço feito de raça
Tinha uma técnica excepcional
Em Bigode, Augusto, Friaça
Em Chico, Bauer, Juvenal...
Vento, repito mil e umas vezes
Aquela Seleção era fenomenal
Nove gols, Ademir de Menezes
Foi o artilheiro do Mundial
Vento, seu cronista altaneiro
Aquela histórica Seleção
Tinha um belíssimo goleiro
Oriundo das bases do Vascão
Se queres saber, companheiro
Barbosa, um gigantão negão
Foi o mais lindo dos goleiros
Que já defendeu nossa Seleção
Elástico, homem de vida honrada
Corajoso, um grande cidadão
Das pessoas mais injustiçadas
Defendia até com trocada mão
Crucificado por uma gentalha
Que ama eleger bode expiador
Nem de longe cometeu falha
No jogo final tão sofredor
Vento, aquele time encantado
Não foi o campeão mundial
E se cometeu algum pecado
Pra poesia é sempre imortal
Diz-se que o natural favoritismo
Do jogo ser no Maracanã, Rio
Aliado ao excesso de otimismo
Causou a derrota do Brasil
Apesar do seu final tristonho
Ao perder pro time do Uruguai
Aquele escrete era dos sonhos
Que da memória poética não sai
Enquanto muitos comemoravam
O título já por antecipação
Jornais do país circulavam
O Brasil com faixa de campeão
No domingo do jogo decisório
O Brasil era eufórica sensação
Hinos patrióticos, foguetórios
Comemoravam por antecipação
O clima do já ganhou campeonato
Mexeu muito com o uruguaio brio
Que resolveu não deixou barato
Batendo na final o nosso Brasil
Vento, seu cronista menino
O Uruguai que se sagrou campeão
Tinha Ghiggia, tinha Schiaffino
E ele, um já um lendário capitão
Seu menino, eu nem te conto
Me perdoa, mas tenho de falar
O tal capitão era um monstro
Que mal dá pra confabular
Herói dos heróis do passado
O capitão da Uruguaia Seleção
Já era um monstro sagrado
Naquela histórica competição
E aqui digo quase em poeminha
O cara era um baita de jogador
Era o dono das quatro linhas
Mandava mais que seu treinador
Dentro da lógica perspectiva
Varella, pela postura de atuar
Já era verdadeira lenda viva
Na forma de jogar e de mandar
Vento, tu que ama a cidadela
Lá donde a Coruja ninho faz
O lendário Obidulio Varella
Fez o teu Brasil chorar demais
Neste jogo em que a aguerrida
Celeste bateu o nosso país
Varella foi o dono da partida
Mandou no jogo e até no Juiz
Primeiro tempo, jogo truncado
O Uruguai raçudo e retrancador
Terminou com o escore empatado
Deixando apreensivo o torcedor
Segunda etapa logo no início
Friaça inaugura o placar
Dando um fortíssimo indício
De que o Brasil iria ganhar
Alegria, o nosso povo festejava
Rojões, foguetórios pelo país
Ninguém nem em sonhos esperava
Que teríamos um final infeliz
Varella, um notório cantimbeiro
Por minutos ficou a reclamar
De um impedimento brasileiro
Tudo com propósito de esfriar
Depois de deixar jogo parado
O lendário e histórico capitão
Pôs a bola no centro do gramado
E chamou o seu time pra reação
Vento, porque deixastes o destino
Ser malino com a nossa Seleção?
Dava pra impedir que Schiaffino
Comandasse a fatídica reação
O gol de Schiaffino foi trágico
Num empate daquela final vilã
Esfriou o nosso time mágico
Silenciando o grande Maracanã
Mas o pior veio logo em seguida
Quando o Uruguai fez segundo gol
Passando à frente, na partida
Parece até que o mundo desabou
Vento, a Poesia nem te conta
Quando Ghiggia, uruguaio matador
Deu uma arrancada pela ponta
Sem chances, virando o marcador
Final de jogo, fim da partida
O Uruguai, como Campeão Mundial
Faz a nação ficar entristecida
Brasil a fora, um choro geral
Logo após a partida terminada
Se viu no Maracanã comoção
A entristecida arquibancada
Era o puro retrato duma nação
O mundo inteiro pasmo parecia
Até o presidente Jules Rimet
Em total estado de melancolia
Estava entristecido de se ver
Vento, não sei se é verdade
O que a Lenda também te contou:
Varella madrugou pela cidade
E com os brasileiros chorou
O homem que pulava de alegria
Por vencer o imbatível Brasil
Nos bares varou a noite fria
Se recusou a comemorar no Rio
Varella, líder nato verdadeiro
Se minha memória não me trai
Paresque que era brasileiro
Naturalizado lá no Uruguai
Vento do guajarino Veropa
Algo nos serve de consolação
Foi a partir daquela copa
Que ganhamos mundial projeção
Enquanto já tivemos levantadas
Cinco Taças, Penta Mundial
Uruguai nunca mais ganhou nada
Perdeu projeção internacional
E para que ninguém aqui pense
Que persigo a uruguaia seleção:
Ela foi goleado por Paraenses
Na inauguração do Mangueirão
O Torcedor da Copa de Cincoenta
Inúmeras alegrias pode ter
Na Suécia, no Chile, em Setenta
Com a definitiva Jules Rimet
Viu uma geração dos encantos
Das magias com a bola no pé:
Didi, Garrincha, Nilton Santos
Rivelino, Tostão, Gerson, Pélé
E para quem ama tanto, gosta
De ser idolatrado treinador
O competente Flávio Costa
Bem mais, era real professor
Jetro Fagundes, Farinheiro do Marajó e de Ananinn