sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Um Guerrilheiro Paraoara Paulo Fonteles, Companheiro de Guevara




Um Guerrilheiro Paraoara

Paulo Fonteles,
Companheiro de Guevara

I

Vento meu camarada companheiro
sopre com a tua alma cidadã
as lembranças dum guerrilheiro
que foi um dia buscar o amanhã

Cante pro irmão do campesinato
um dia o Sol da Justiça brotará
tudo o que um advogado do mato
plantou no solo do nosso Pará

Filho da guerreira heroína
uma defensora da paz, do bem
Cordolina, legendária menina
a mãe coragem da bela Belém

Desde quando era estudante
ele no jeito de agir, sonhar
já se revelava um militante
na sua Católica Ação Popular

Antes mesmo de ser diplomado
Paulo Fonteles como sonhador
sim, era um brilhante advogado
de estudante, de trabalhador

Foi como encarcerado torturado
verdadeira testemunha ocular
das selvagerias de um Estado
nos porões da ditadura militar

Os anos em que ficou encarcerado
preso nos porões dos generais
o fizeram ficar mais engajado
nas lutas por direitos sociais

Livre da barbárie, violência
deu sequência ao seu ideal
sendo a voz da resistência
num certo ALTERNATIVO jornal

Vento, tu que sempre tá do lado
de quem luta contra os maiorais,
Paulo Fonteles foi o advogado
das causas dos movimentos sociais

Defensor de questões fundiárias
sabia fazer a hora acontecer
peitando barreiras judiciárias
que sempre tão do lado do poder

Companheiro de lavrador, roceiro
posseiro, sindicalista, camponês
embora ameaçado por pistoleiros
resistia com intrepidez, honradez

Ele, conhecido advogado do Mato
por defender a terra e a pastoral
em oitenta e dois saiu candidato
e foi eleito deputado estadual

Deputado pra lá de libertário
sempre se colocou à disposição
com um dos seus pés no plenário
e outro nas ruas com a multidão

Dizem que o palácio da Cabanagem
pela primeira vez pode contemplar
um verdadeiro deputado coragem
e ligado ao movimento popular

Honrando aquele sangue de cabano
de quem nunca temeu bala, fuzil
apoiou trabalhador rural e urbano
e abraçou a causa estudantil

Vento, o teu deputado socialista
por desafiar os donos do poder
fazia parte de macabras listas
dos que estavam marcados pra morrer

Jetro Fagundes
Farinheiro Marajoara

Guerrilheiro Paraoara Paulo Fonteles, Companheiro de Guevara





Guerrilheiro Paraoara
Paulo Fonteles,
Companheiro de Guevara



Embora figurando em macabra lista
denunciava na tribuna parlamentar
a corrupta política entreguista
da criminosa ditadura militar

E sempre direcionava seu grito
de revolta, pura indignação
pros rumos das áreas de conflito
em defesa de lavrador, sem chão

Mesmo sofrendo muitas ameaças
de coronéis, fazendeiro, capataz
o deputado nas ruas e praças
sem se acovardar ousava mais

Em oitenta e sete, ex-deputado
mas sempre defensor de camponês
Paulo Fonteles foi atocaiado
na BR trezentos e dezesseis

Vítima da covardia assassina
o socialista, poeta, menestrel
é baleado num posto de gasolina
por uns pistoleiros de aluguel

Perto do começo da Alça Viária
o deputado heroicamente tombou
vítima da insanidade agrária
na terra em que ele tanto amou

Terra onde o poder judiciário
nos afronta com tanta omissão
prato cheio pra que reacionários
assassinem defensor de cidadão

Vento companheiro da História
tu que tens um ar de cantador
cante o que diz a Santa Memória
que terra é dom do Deus Criador

Ilustre pro infinito, aquarele
a terra, um dom supremo divinal
e cante pro irmão Paulo Fonteles
amigo de uma lendária Pastoral

Cantorie pro Araguaia, Xinguara
o que Ademar Bogo diz em poesia
que os companheiros de Guevara
trilham a estrada por um novo dia

Cante em memória de Paulo Fonteles
guerrilheiro poeta intelectual
que sentiu na sua própria pele
mil dores por defender seu ideal

Paulo Fonteles dedicou a vida
pela Reforma Agrária nacional
pela terra que quis ver dividida
em benefício do trabalhador rural

Escolas, ruas e praças paraoaras
sabem bem que a belíssima voz
do bravo companheiro de Guevara
ainda ecoa firme no meio de nós

Ecoa lá na memória do infinito
pros rumos donde também estão
Padre Josimo, Canuto, Expedito
todos gente de fé e muita ação

Ecoa lá pros rumos de Eldorado
e pro mato onde se tem recordação
de João Batista, outro deputado
que rega com seu sangue nosso chão

Jetro Fagundes
Farinheiro Marajoara

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Não à Usina de Belo Monte




Não à Usina de Belo Monte

Energia limpa pro planeta
nós nunca iremos alcançar
por meio de gente picareta
que vive a vida a trapacear

Gente desumana, insensata
capitalista, imoral, vil
que além de matar a mata
mata a vida matando rio

Gente que matando a primavera
mata outono, inverno, verão
deixando restos nas crateras
pro amazônico, cidadão irmão

Muitos projetos faraônicos
ao contrário de benefícios
trazem ao povo amazônico
vales de misérias, malefícios

Propagando desenvolvimento
exploram uma bela região
a custa de muito sofrimento
fome, peste, dor, alienação

É uma gente fria, desalmada
com aquela prática cultural
da demoníaca terra arrasada,
marca da besta neoliberal

São sanguessugas do planeta
coveiros de sonhos, da paz
que amam trapaças, mutretas
idolatrando metais, capitais

Gente sem pudor e consciência
que explora recursos naturais.
Sem o menor senso de decência
provoca desastres ambientais

Parasita predadora da natureza
que leva na maior falta de pudor
Luz de graça pra megas empresas
e olhão da cara pro trabalhador

Um NÃO a Usina de Belo Monte
É um SIM à consciencia cidadã
do povo que mira o horizonte
e vislumbra a vida no amanhã


Jetro Fagundes
Farinheiro Marajoara